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Prematuridade: o que deu errado?

Muitas mães passam pela triste experiência do parto prematuro.

Os resultados imediatos da prematuridade se iniciam com uma separação forçada dos pais para cuidados… 

Trata-se de uma frustração de planos e sonhos! A experiência de parto, toma um rumo indesejado. Inesperado!

A euforia agora dá espaço para a angústia, as preocupações, orações e esperanças de que tudo acabe bem!

Mas o acabar está longe. As intercorrências relacionadas à prematuridade estão presentes ao nascimento e podem acompanhar toda a vida da criança acometida, desde problemas de desenvolvimento motor até questões relacionadas à intelectualidade.

É a maior causa de mortalidade e morbidade infantil. E mais grave, quanto mais prematuro for o nascimento – onde temos os piores resultados.

No Brasil, a taxa de partos antecipados é de 11,5%, de acordo com dados da Fiocruz e do Organização Mundial de Saúde. Somos o 10º país no ranking da prematuridade, perdendo para países como Ìndia, China, Nigéria e Paquistão, é o que revela o relatório do estudo Born Too Soon realizado pela ONG americana March of Dimes (https://www.prematuridade.com/parto-prematuro).

Muitos partos prematuros, fazem parte de uma conduta obstétrica visando evitar agravamentos maternos ou fetais em situações como Pré Eclâmpsia e Hipertensão na gestação, Diabetes Gestacional, entre outras complicações associadas ao período da gravidez. Mas a sua maioria ocorre de forma espontânea e em grande parte dos casos, sem dar sinal prévio de sua possibilidade de ocorrência.

Sendo assim, o conhecimento de fatores associados à prematuridade se tornam importantes visando maior atenção à gestação, monitoramento adequado e intervenção precoce com medidas que visam impedir a prematuridade ou amenizar seus efeitos.

Parto prematuro anterior é o principal fator de risco para a recorrência. Gestação gemelar, mal formações uterinas ou alterações do colo uterino são fatores importantes correlacionados à incidência de prematuridade também. Intervalo entre dois partos menores que 1 ano também pode aumentar a chance de um bebê prematuro.

Entre causas relacionadas à prematuridade temos:

  • bolsa rota/ruptura prematura de membrana (RUPREME ou ROPREMA)
  • hipertensão crônica, pré eclâmpsia e seus agravamentos.
  • insuficiência istmo-cervical/ incompetência do colo uterino
  • descolamento prematuro da placenta
  • placenta prévia
  • malformações uterinas
  • infecções (com atenção às do aparelho genital).
  • gestação múltipla
  • fertilização in vitro
  • malformações fetais

A capacitação profissional e a informação à população geral são ferramentas importantes na prevenção da prematuridade. Reconhecer o risco associado à gestação ou sinais e sintomas que alertam para a sua possível ocorrência são essenciais e precisamos falar sobre isso.

Dores e contrações que se tornam mais frequentes e intensas (por exemplo a cada 10 minutos), secreção vaginal anormal, dores lombares, cólicas, sangramentos após a segunda metade da gestação, são sinais de alerta para se procurar avaliação e conduta obstétrica imediata.

O conhecimento dos fatores pela mulher, obstetra e rede de apoio são essenciais e devem ser considerados!

Programar a gestação e discutir os riscos conhecidos; iniciar o acompanhamento o mais precocemente possível (pré natal); realizar os exames de rotina e os relacionados à predição de prematuridade; adequação de dieta e hábitos de vida saudáveis; evitar tabagismo; evitar ingerir bebidas alcoólicas; procurar tratamento para obesidade e evitar ganho excessivo de peso na gestação; procurar leituras e orientações com boas referências durante a gestação e até mesmo sua programação, são medidas que podem mudar toda uma história.

Reconhecer riscos é primordial no planejamento, acompanhamento e atuação do Obstetra na gestação, para evitar a prematuridade ou ao menos amenizar suas consequências graves, de curto ou mesmo longo prazo.

Costumo dizer às minhas pacientes: “Mais do que levar seu filho vivo pra casa, quero que você tenha uma boa experiência de parto, com uma criança saudável que também proporcionará uma boa experiência de vida, de maternidade!”

A prematuridade ainda tem muito a ser estudada, investigada, esclarecida.

Mas já temos conhecimento suficientes para atuarmos na prevenção e amenização das complicações associadas à prematuridade, em grande parte dos casos.

Se o assunto chamou sua atenção, você precisa conversar com seu obstetra buscando mais informação e esclarecimento! A prevenção começa por você!

Dr. Adriano Paião dos Santos – CRM 101.340 – TEGO 010/03 –  RQE 102.187

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